Talvez porque eu tenho lido crônicas demais dela. Talvez Martha porque é o que me impede de ligar, o que me impede de perder o controle, o que me apetece no momento. Nela eu encontro o apoio, o mesmo apoio para os alcoólatras, os abstinentes... Como um dia de cada vez e tem funcionado. Com ela eu tenho olhado mais para dentro, mas sem esquecer de olhar em volta. Estou vivendo esses trinta dias à La Martha Medeiros e não tenho vergonha de anunciar aos quatro ventos. È, talvez eu devesse consultar um profissional, mas ela tem me confortado, tem me dado o alento que talvez eu não encontrasse num divã. É de graça. É só abrir o livro Doidas e Santas (que é o que tenho aqui no momento) e ‘BAM!’ acabo me identificando com algum trecho, pegando alguns puxões de orelhas pelas coisas absurdas que eu maquino aqui. Ah! E ela ainda me indica livros e filmes maravilhosos. Tô amando descobrir Martha tem sido para mim além de conselheira, vidente, lâmpada mágica, cigarro, coca-cola, ou seja, quase necessária, mas mais do que isso tem sido inspiração para eu sentar o rabo na cadeira e escrever o meu sonho. Tendo dito isso, visto e vivido, não importa se tenho trinta, se fiquei solteira recentemente, se ainda o amo, se meu emprego não vai lá muito bem, se ando sem dinheiro há muito tempo, se sou amada por meus amigos, se minha infância foi perfeita, se perdi meu pai, minha vó, se minha relação com minha mãe é um desgaste só, o que importa mesmo é que tudo isso faz parte da minha busca pelo conhecimento intelectual para amadurecer. Afinal já dizia Sartre: “não importa o que fizeram com você, importa é o que você fez do que fizeram com você”. Meia volta volver, dois passos para frente e um para trás, tanto faz, apesar de Martha eu reconheço que devo voltar à minha natureza, voltar à minha fortaleza – aquela que Marcinha (te amo amiga!) falou que existe dentro de mim e que eu havia esquecido num canto. Voltar com coragem, mas cuidado, com as minhas qualidades e defeitos, pureza e pecado sempre na bagagem, sem me perder novamente. E reconhecer a verdade:
“Os homens passam, mas as mulheres não morrem”.
E ainda e simplesmente porque ele foi embora me amando ou não, e justamente por isso que eu devo seguir sozinha mesmo mergulhada na dor e sobreviver a isso e construir algo de novo, e principalmente sempre seguir acreditando no amor. E no ‘Poema Filmado’ eu vou levar comigo a poesia no olhar e a crença na existência de um “Amor pra vida toda e mais seis meses!”, como tio Alex disse. |
Potira,
Quantas pessoas no mundo estão passando por momento semelhante ao teu, ao meu? E cada uma tem uma história, um sentimento, uma experiência diferente. É muito bom refletir, sentir, sem deixar passar em branco o que há de profundo no sofrimento que é justamente a sua capacidade de elevar a quem sofre a um patamar superior em experiência, amor próprio, amor pelo próximo, auto-conhecimento. Que saibamos sofrer bem e crescer como seres humanos. Beijos.