
Este é o dia que me sinto cada vez mais dentro de mim mesma com aquelas maquinações sobre o futuro, a pressa no presente, e as rugas de expressão que começam a dar o ar de sua graça. Começo a acreditar então na mortalidade e na minha total ignorância quanto ao fato de não me perceber feliz em muitos momentos como este. É verdade. Estou amadurecendo e pior que isso, envelhecendo, mas há que se tirar proveito disso, mas da onde! Eu tento pensar em coisas lindas, algo como o primeiro passo, o primeiro beijo, o primeiro amor... Mas tudo me soa ‘primeiro’ demais e sempre vêm muitas coisas em seguida, muita vida, e em conseqüência, o tempo. Em algum momento do dia em que me olho no espelho, ele está lá, explícito, marcado, real e há alguma coisa dentro de mim, e é uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais, e a cada instante, tudo se perde, mesmo sem lamentar eu perco, perco muito e penso alguma coisa incrível que precisa acontecer ainda hoje, enquanto há tempo. Não suportarei esperar a eternidade desses próximos cinco minutos. E lá está ele de novo. O tempo: Ele que cura, ele que acaba, ele que começa. Se viesse com manual de instrução, eu o reinventaria a meu favor, o adiantaria numa situação difícil ou o atrasaria para viver mais um pouquinho o que fosse de melhor, mas não, não é assim que funciona. Ele está aqui nas minhas lembranças vividas, encaixotadas e também nas que foram perdidas. TIC TAC – TIC TAC marcando como um relógio o caminho que tracei para o meu destino. Então, vamos lá! Agora eu vou! Consigo me ver e até sentir o cheiro dessas lembranças mais profundas, mas numa fração de segundo eu me desconcentro, porque o ‘Parabéns’ acabou e eu preciso apagar as velas, e tudo pára, as lembranças, os cheiros, as maquinações e ficam só os sorrisos das pessoas queridas que me cercam e dedicam o tempo delas me amando... E eu percebo que vale a pena ser eu. |