Hoje, eu pertenço aos 29. Pra onde olho, o que sinto, o que ouço, são os 29. Ele me pertence e o assumo de coração aberto, um pouco mais experiente e com algumas rugas de expressão que me causam tremores na frente do espelho. Tempo. Tempo de mudança, mudança boa sabe! Aquela coisa de quebrar a cara e ter que juntar os caquinhos e colar tudo com paciência e perfeição, isso já passou e me fez querer ser mais mulher, mais menina, mais bonita, ser mais eu e a querer mandar alguns pra longe também.
Suavemente percebo com clareza o quanto é essencial, sublime e renovador, deixar os dramas num canto, respirar fundo, e tirar uns dias apenas para me amar intensamente ou estar perto de quem me ama verdadeiramente, e por isso, de repente, as brisas são afagos, os ares são mais leves, o céu tem seus próprios tons, e nossa... A música é poesia.
Não, eu não sou louca ou pelo menos não tão louca como as pessoas pensam, eu tenho um limite, mas eu pertenço ao grupo dos livres e extrovertidos, por que não?! Me livrem do que é certinho demais, do que é programado demais, do que é rotina demais, porque não me cabe aos 29, pelo menos não hoje.
Hoje eu deixo pra trás o que é usual e luto pelo novo, deixo o meu cheiro – piprioca no travesseiro e vou ser mais sândalo; abandono o segundo travesseiro da minha solidão e jogo ele contra a parede e me desfaço dos bilhetes do passado. Exclusivamente hoje nos 29, me maquio e desenho um sorriso largo e metálico no meu rosto ainda de menina e meu olhar é profundo e corajoso, meus jeitos são sem freios, sou jovem e livre nas minhas neuroses e não consigo não achar tudo isso saudável, por isso meu dia 3 em 29 pode ser uma nova atmosfera com novas coisas a flutuar nelas...
De repente amar e ser amada, Comover-me com quase tudo a minha volta, Nunca negar um carinho, Escrever amores, Gripar menos, Escrever mais, pois minha prosa mora em mim, e de tudo utiliza-se de matéria – prima para o meu melhor entendimento das coisas, para a aceitação do meu choro engasgado, do amor em um grito, da dor insuportável que é perder ou da alegria desmesurada... Escrever me salva, salva o meu coração teimoso dessa vida de incontáveis céus azuis e sombras que tenho vivido nesses 29 e que viverei sempre.
E ainda há que mencionar e nunca esquecer que eu não seria nada sem uma boa cerveja gelada, amigos verdadeiros (de preferência os rabugentos), sem livros, meus DVDs, meu notebook burguês.... Não consigo viver sem esses pequenos prazeres, sem o mar, o sol, a lua e o vento, ou pior ainda, sem sentir a música explodir no meu corpo, e ainda tem mais, não poderia viver sem amor e sem as pequenas grandes paixões, pois eu gosto de tirar os pés do chão vez em quando... E por isso hoje, 29, eu decidi me querer, me olhar no espelho e dizer pras rugas de expressão: “E daí. Eu me amo mesmo assim!”
|
Ah! Mas rugas aos 29? Tenho menos, mas sempre me dizem que hoje ainda não há rugas de expressão aos trinta! Só se forem aquelas rugas de dentro, aquele cansaço ... sabe?
.
Ariana! Olha, você também! Não, não eu ... mas quase todos a minha volta! Esse texto me lembrou Marcelo Camelo..."parece simples, mas ... a gente às vezes é...e o amor é lindo, deixo ... tudo que quiser eu não me queixo em ser"
.
Bjs!