Hoje o dia está claro, mas como estará no Rio? Sempre deixo meus pedaços por lá, sejam amigos, família, pessoas importantes. Pessoas interessantes e importantes que vêm e vão, e passam, e se instalam em minha vida. Hoje minha cabeça está no Rio, mas meu coração sempre esteve, desde a infância, infância peregrina que tive em desbravar cada pedaço e decodificar cada cheiro e cada tom de azul. Como está o Rio hoje? Será que sente saudade? Será que olha por cima de seus morros e sorri? Será que joga um pedaço de azul dos seus mares para o mar que é a minha existência, querendo ser tão bravia e imensa? O sorriso do Rio é de um branco poderoso. Um sorriso maroto. Um olhar malandro de se saber querido. Esse é o Rio. Quem me dera pudesse dizer um dia que esse é o meu Rio. Meu Rio de águas verdes – azuis – celestes; meu de temperamento forte, de humor audacioso, de gingado acentuado, e por que não de grandes e indefinidos contrastes, mistérios, malícias e defeitos? Todo meu em verso e prosa e em mãos, e à mão para que eu possa matar a saudade boa de beijar na boca e de olhar para a imensidão. Me bagunço toda nesse Rio e como me permito! Como me sinto forte e bem vinda naqueles braços que me envolvem e me recebem contra o peito em posições acrobáticas, mas extremamente carinhosas. Acabou meu tempo, mas o tempo volta e gira, e muda as coisas de lugar, e me trás de volta, e me puxa pra perto. |