Alguém comeu as palavras que ía escrever aqui. Era alguma coisa importante, algo que manifesta a minha alma perturbada, frenética. Talvez eu esteja naquela idade, comum às mulheres, não só de se auto - afirmar, mas de querer ser mais do que o próprio destino nos impõe. Saber o que quer, o que gosta e só. Ser. Eu gosto de ser mulher, meio moleca, meio pudica, meio devassa. Gosto do simples. Gosto da voz que faço quando canto uma canção pra ele. Gosto dos meus badulaques, das minhas palavras que se assemelham a isto. Gosto do sorriso grande de canto com covinha. Gosto da noite e do dia. Gosto do cheiro do mato e do barulho de cri-cri-cri que a cigarra faz nas noites de verão. Gosto de viajar de carro na estrada velha. Gosto do mar bravio e seu gosto. Gosto de olhos que se furtam. Gosto de anéis. Gosto dos corpos ao se encontrar sutis ou sedentos. Gosto dos suores da entrega e do banho depois. Gosto de vários copos de coca. Gosto de várias doses de Vodka. Gemidos. Minúcias. Poemas. Da música cantada especialmente para mim. Do domingo de tardezinha. Reggae. Havaianas. Samba com cerveja. Sapatilhas vermelhas. Calcinhas micro ou grandes calcinhas ou sem calcinhas. Deitar de qualquer jeito. Rede. Pés entrelaçados. Morangos. Sinais. Cicatrizes. Enlaces. Viagens. Possibilidades. Esperanças. Sentidos. Cores. Afagos. Carinhos. Amanhecer. Liberdade. Movimentos. Contar os segundos antes de agir por impulso. Amor. Preguiça. Ronronar dengo. Fazer manha. Beijar. Halls preto. Livros velhos, novos, clássicos, cults. Ventilador no pé molhado. Sonhar... E o meu gostar define o que eu sou. Sou Angelita. Variante de Ângela. A mensageira. |